
Guardo com muito carinho documentos de onde transcrevo, sem qualquer alteração de sintaxe estes dois extractos que considero dignos de serem meditados por traduzirem preocupações de qualquer gestor moderno e de qualquer técnico de fundição.
No primeiro aí estão expressos dois conceitos tão badalados nos últimos anos, o de eficiência e o de produtividade, envolvidos pela componente solidariedade de quem se preocupa com a saúde dos agentes que estão na base da melhoria da produção e de quem aponta como consequência o ganho de regalias para os envolvidos no processo, aspectos que muitos esquecem e tem deitado a perder ambiciosos projectos. Uma lição!
O segundo é uma indicação para que naquela gitagem ou alimentação das peças, se respeite o sistema "em pressão" e se considere o bolear de arestas para reduzir ou eliminar o pernicioso "efeito de cavitação. Puras técnicas de gitagem ou alimentação de peças que, quando não tidas em conta, muitos e graves problemas acarretam para quem pretende obter peças de boa qualidade. Outra lição!
E o que chamar à atitude de quem, depois de, com o jovem e inexperiente engenheiro que eu era [Eng. Laranjeira], ter analisado e discutido um novo projecto e o mesmo ter sido lançado em execução, vir, passados alguns dias, inquirir como estava o mesmo a decorrer e perante a minha informação de que todas as "Ordens de Fabrico" tinham sido emitidas, caminhar calmamente para a "Carpintaria de Moldes" e, como um ilusionista, retirar bem do fundo da pasta das encomendas a aguardar execução, a "Ficha para a Carpintaria" que esperava, já com muito atraso, a boa disposição do Mestre carpinteiro.
Ali, com uma demonstração ao vivo, aprendi a não mais esquecer uma das funções básicas da "Planificação e Controle de Produção", normalmente designada por "Controle de Avanço da Obra".
Exemplos
..."Recomendamos por isso a todos os nossos operários que aproveitem todo o tempo, sem fazerem esforço excessivo que lhes prejudique a saúde, e que evitem passos e operações inúteis, procurando por todos os meios simplificar a maneira de trabalhar, para que todo o aproveitamento seja maior e melhor e com o qual todos vão lucrar "...
—" Para o efeito dos poros que aparecem nestas peças devem limar o estanho que puseram nos gitinhos que ligam os aros às peças para não entrar tanto ferro para se manter a coluna do gito e as cabeças com os ralos sempre cheias de ferro porque como puseram os giros mais grossos a cabeça não está sempre cheia ao fundir e entram poros. Além deste inconveniente dos poros ocasionados pelas quatro entradas dos gitos para as peças estarem grossas há outros também por essas quatro entradas não terem uns pequenos (---) fazem sempre poros".
Fonte: Eng. José António Piedade Laranjeira em Revista Fundição (Associação Portuguesa de Fundição) nº 2006 [republicado no Jornal de Albergaria de 19.05.1998] (adaptado)
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